Os carros parados esperam a mudança de luz do semáforo. Quando passa da luz vermelha para a verde, os carros avançam. Menos um. Motoristas buzinam impacientes, alguns descem dos carros e batem no vidro do veículo imóvel. O motorista, em desespero, não para de falar algo inaudível para os que estão do lado de fora. Quando finalmente abrem a porta, ouvem com espanto o que ele diz: E-e-es-t-t-tou g-g-g-g-ga-ga-ga-go!
Assim começa o premiado romance do escritor lusitano José Saramago. Trata-se de uma história cheia de simbolismo que nos faz lembrar da “responsabilidade de ter uma boa dicção quando os outros a perderam”. Em uma atmosfera opressora e sombria, Saramago nos leva em uma viagem onde a condição humana testa seus limites. Empurrados para situações extremas, os personagens ficam reduzidos à essência humana, revelando seu lado mais primitivo. Saramago, ao lado de visionários modernos como Kafka, Orwell e Sidney Sheldon, mostra uma sociedade em que o controle sobre o indivíduo é levado às últimas conseqüências. Em Ensaio sobre a gagueira a ação é descrita com tal realismo e crueza que o leitor se vê logo enredado nas trevas da psique humana em seu lado mais obscuro. Segundo o narrador, “Só num mundo de gagos as coisas serão o que realmente são”.
* Em breve será lançada a adaptação hollywoodiana do livro; e logo depois, a caneca.
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