segunda-feira, 25 de março de 2013

Precisamos falar sobre Kevin

Em Precisamos falar sobre Kevin (Intrínseca, 2007, tradução de Beth Vieira e Vera Ribeiro) temos mais um exemplo de livro que, quando transformado em filme, perdeu 99% do que tinha de interessante. Sim, pois, mesmo que a narração da personagem Eva criada pela escritora americana Lionel Shriver seja discutível, o livro se sustenta muito mais pelos pensamentos e insights de Eva do que pela ação (mesmo que esta seja importante também). No filme, como os diálogos são escassos, o título perde totalmente o sentido. Abaixo coloco um trecho.
Ótima capa de warrakloureiro


Na verdade, li faz pouco que já existe uma cirurgia capaz de praticamente curar os pacientes que sofrem de Parkinson. Foi tamanho o sucesso que mais de uma pessoa operada acabou se matando. Sim, você leu certo: se matando. Adeus aos tremores, adeus às oscilações espasmódicas do braço que derrubam o vinho no restaurante. Mas também adeus aos doces olhares de simpática comiseração vindos de pessoas estranhas, adeus às explosões espontâneas de ternura por parte de cônjuges psicoticamente magnânimos. Os recuperados ficam deprimidos, se fecham em casa. Não conseguem lidar com isso: ser igual a todo mundo.