Vou falar um pouquinho sobre os filmes que ando vendo por aí. Comecemos com este O Curioso Caso de Benjamin Button. A motivação para falar desse filme foi a coluna de Ruth de Aquino, publicada na Época há algumas semanas. Essa mulher simplesmente AMOU o filme. E disse coisas sobre ele...coisas que simplesmente não são verdade, para mim. E eu quero reparar essa injustiça.
Ela já começa dizendo que Benjamin Button é um filme implacável de David Fincher. Não poderia estar mais equivocada. Quando associamos um filme ao nome do diretor é porque ele, o diretor, tem um estilo próprio, reconhecível, características suas, como Woody Allen, Almodóvar ou Steven Spielberg. Com essa frase, ela já mostra que não conhece a obra de Fincher, pois Benjamin Button é o filme mais atípico de David Fincher. Depois do estiloso Seven (copiado até enjoar), do excelente Clube da Luta, ele ainda fez os interessantes Vidas em Jogo e O Quarto do Pânico. E eis que de repente aparece com esse insosso Benjamin Button. Por quê? Ora, porque ele pensou que já era hora de ele ganhar um Oscar. Assim, fez um filme com todos os ingredientes: atores talentosos e respeitados + adaptação de um clássico da literatura + excelência técnica + uma história que mostra que “o amor supera tudo, até mesmo o tempo”. Só que ele não se deu conta de que essa fórmula básica já estava um pouco ultrapassada e não é mais garantia de sucesso. Vejo raríssimos traços de David Fincher no filme.
Ruth de Aquino fala do casal de atores. Brad Pitt, segundo ela, está numa “atuação impecável”. Pelamordedeuz! Acho que talvez seja a pior atuação da história de Brad Pitt. E não digo isso por preconceito com atores-bonitões. Na verdade considero Pitt o ator-bonitão mais talentoso e versátil que há por aí (ao contrário do cada vez mais canastrão Tom Cruise). O problema é que ele simplesmente fica com cara de bunda o tempo todo no filme, quando interpreta uma criança, um adolescente, um velho, sempre a mesma cara de bunda. Se era pra fazer cara de bunda, por que não chamaram logo Tom Hanks, o maior especialista nesse tipo de papel? Depois Aquino fala de Cate Blanchet, “mais bela que jamais”. Puxa, bela é um adjetivo muito forte para uma mulher que não é bonita nem feia, não fede e nem cheira, e não acrescenta nada a qualquer obra de que participe além de uma irresistível sonolência.
Ruthinha ficou encantada mesmo foi com as inúmeras lições de vida com as quais o filme nos presenteia: “Somos predestinados a perder as pessoas que amamos. De que outra maneira saberíamos que são importantes para nós?” “Nossas vidas são definidas pelas oportunidades, mesmo aquelas que perdemos.” Esta frase fantástica levou Ruth de Aquino às lágrimas: “Nunca se sabe o que nos espera”. Uau! Se abrirmos ao acaso um livro do Lair Ribeiro ou do Roberto Shiniashiki certamente leremos coisas mais profundas e inteligentes. Ruth, num insight magnífico, conclui: Tudo é passageiro e do fim não se escapa.
Li a crítica dela somente depois de ter visto o filme. É uma pena, pois se tivesse lido antes teria notado a tempo que Benjamin Button é o tipo de filme que cativa as pessoas bregas e sentimentaloides. O Curioso Caso é insuportavelmente chato e longo. Se ainda quiser ir ver, leve um travesseiro.
Um dia Brad Pitt vai ficar assim
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