Numa quarta-feira chuvosa, aconteceu em Porto Alegre um evento para poucos privilegiados: um show do Zé do Bêlo. Depois de deixar a ansiosa platéia esperando um bom tempo, como é próprio das grandes estrelas do show business, sobe ao palco do Garagem Hermética o Artista. Trajando seu característico terno branco, combinado com camisa azul, gravata preta e sandálias, Zé, acompanhado de sua competentíssima banda (Alemão da Vila, em seu uniforme esportivo tamanho pequeno na batera; Veri D'ávila, com fingido ar blasé, no baixo; e o legendário King Jim no sax), abriu com Bolero da Morena, ainda inédita em CD. Depois foram só sucessos, entre músicas novas e as confirmadas do CD Acústico. Em O Gil Gomes Falou, Meu Deus, Uma Luz, Samba-Enredo, Bolinhas e outras, Zé pode mostrar todo seu carisma e domínio de palco.
O Mestre ainda mostrou que entende de todos os aspectos de um show, ao orientar o iluminador diversas vezes sobre como deveria desempenhar seu trabalho ("Ô boca aberta, eu já falei pra botá só luz vermelha agora"). Lembrando Tim Maia, reclama diversas vezes do retorno da guitarra. Zé do Bêlo, como uma versão brasileira de um Tony Clifton do século 21, não se deixa intimidar por pedidos da platéia. Diante de insistentes apelos para que tocasse o mega sucesso internacional "Reprise" , reagiu: "Tu não apita nada aqui, magrão. Quem manda no show sou eu". Só mais tarde, provando que tem personalidade, é que tocou a comovente "Reprise", sendo, é claro, ovacionado do primeiro acorde ao último. Enfim, como disse o próprio Zé, no final de uma das canções: "O cara tem a manha da composição".
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