segunda-feira, 22 de junho de 2009

Sinédoque, Nova York



É o primeiro filme dirigido por Charlie Kaufmann, roteirista dos geniais Quero ser John Malkovich, Adaptação e Brilho Eterno de uma mente sem lembranças. O que esperar deste Sinédoque? Quem já viu seus outros trabalhos sabe que brincadeiras de metalinguagem e humor nonsense são comuns nos seus roteiros, e este não foge à regra. Mas o que antes parecia ter funcionado tão bem, agora decepciona.

No filme temos Caden Cotard, um diretor de teatro desesperado com sua mortalidade interpretado pelo sempre nojento (embora eterno queridinho da crítica) Phillip Seymour-Hoffman. O filme até começa bem, com diálogos ótimos, principalmente os entre sua mulher e sua filha. Até que Cotard ganha uma verba enorme para encenar uma nova peça, que decide ser sobre sua própria vida. A partir daí o espectador começa a se perder. Nos outros roteiros de Kaufmann, o espectador se segura em uma corda para conseguir ir até o final são e salvo. Em Sinédoque, a tal corda é um fino barbante que logo se parte, e deixa o espectador confuso, perdido e, principalmente, entediado. Às vezes ele pode achar que recuperou o fio condutor, mas logo se vê no escuro de novo.

O problema todo é a linguagem se Sinédoque fosse um texto seria um texto sem qualquer pontuação que pudesse orientar o leitor para piorar as coisas também seria um texto com uma sintaxe confusa com cada vez menos conectores entre palavras frases sem coesão coerência sem um fio condutor as repetições poderiam dar uma luz mas a insistência em ser pouco convencional não traz nada novo essa insistência em voltar ao elemento anterior que na verdade é posterior sem qualquer linearidade possível um texto com tempos verbais que não faziam sentido deixa-se de aproveitar tudo que poderia haver de interessante no filme para se ater ao que poderia haver de interessante no filme cada vez menos elementos precisos a maquiagem é boa a fotografia também a montagem não tem culpa a culpa é do roteiro mesmo mas Kaufmann é um grande roteirista jamais se perderia quem se perde é o espectador isso mesmo é posto em dúvida a confusão é proposital não é às vezes a convencionalidade faz falta que faz a convencionalidade seria um texto longo demais ninguém gostará de ler até o final afinal tem mais de duas horas e o resultado é assim o final tenta a redenção do homem e do filme do roteirista de todos mas era tarde demais.


Pois é, não entendi lhufas do filme.
Mas eu sou eu.


Nota final: 3,5

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