domingo, 17 de abril de 2011

Factótum - Charles Bukowski

Há tempos quis fazer o ranking dos autores que mais li (seria fácil pois tenho todos os meus livros lidos anotados por ano de leitura), mas deixei a tarefa de lado por algum motivo desconhecido, mas provavelmente aqueles que estariam no Top 5 seriam (não necessariamente nessa ordem) Haruki Murakami, Erico Verissimo, Rubem Fonseca, Italo Calvino e Charles Bukowski. Esse último foi o que li primeiro deles, na adolescência. mesmo lendo (e relendo) seus livros até hoje,ainda o tenho como um escritor para adolescentes.

Abaixo, dois trechos do livro Factótum (L&PM, 2007, tradução de Pedro Gonzaga), que, como outros dele, é supostamente baseado nas suas experiências de vida.


Cap. 31
Quando voltei para Los Angeles, encontrei um hotel barato nas imediações da Hoover Street e fiquei na cama e bebi. Bebi por algum tempo, três ou quatro dias. Não conseguia achar disposição para ler os classificados. A ideia de me sentar diante de um homem e sua mesa e lhe dizer que eu queria um trabalho, que eu tinha as qualificações necessárias, era demais para mim. Francamente, eu estava horrorizado diante da vida, o que um homem precisava fazer para comer, dormir, manter-se vestido. Então fiquei na cama enchendo a cara. Quando você bebia, o mundo continuava lá fora, mas por um momento era como se ele não o trouxesse preso pela garganta.

...
Cap. 65
Nada pior do que terminar uma boa cagada, esticar a mão e encontrar um rolo de papel higiênico vazio. Mesmo o ser humano mais monstruoso sobre a face da terra merece um papel higiênico para limpar o rabo. Algumas vezes, ao esticar a mão e não encontrar papel, eu ia em busca de um protetor para quebrar um galho, mas, subitamente, descobria o reservatório também vazio. Então você se põe de pé e vê que o que estava usando acaba de cair na água. Depois disso, sobram-lhe poucas alternativas. A que descobri mais satisfatória é limpar o rabo com as cuecas, jogá-las na privada, dar descarga e entupir o vaso.

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