segunda-feira, 8 de março de 2010

O Nome da Rosa



A esta altura todo mundo já leu O Nome da Rosa, bestseller do escritor italiano Umberto Eco nos anos 80 - e, para muitos, seu melhor livro de ficção até hoje.

Mas pouca gente sabe que logo depois foi lançado por ele um livrinho chamado Pós-Escrito a O Nome da Rosa (tradução de Letizia Zini Antunes e Álvaro Lorencini) Digo livrinho pois é pequeno mesmo: 66 páginas em fonte grande (entrou para aminha reduzidíssima lista de livros que comecei e acabei no mesmo dia). O subtítulo é "As origens e o processo de criação do livro mais vendido em 1984".

Não vou falar nada, apenas colocar alguns trechos do livro (na verdade a ideia principal deste blogue, embora pouco executada):


"Um narrador não deve oferecer interpretações de sua obra, caso contrário não teria escrito um romance, que é uma máquina para gerar interpretações (...) O autor não deve interpretar. Mas pode contar como e por que escreveu."

"Meu romance tinha outro título de trabalho, que era A abadia do crime. (...) Meu sonho era intitulá-lo Adso de Melk. (...) A ideia de O nome da rosa veio-me quase por acaso e agradou-me porque a rosa é uma figura simbólica, tão densa de significados que quase não tem mais nenhum."

"O autor deveria morrer depois de escrever. Para não perturbar o caminho do texto."

"Escrevi um romance porque me deu vontade. Creio que seja uma razão suficiente para alguém pôr-se a narrar. O homem é um animal fabulador por natureza. Comecei a escrever em março de 1978, movido por uma ideia seminal. Eu tinha vontade de envenenar um monge."

"Só conheço o presente através da televisão, ao passo que da Idade Média tenho um conhecimento direto."

"Será que alguém pode dizer: 'Era uma bela manhã de fim de novembro' sem sentir-se Snoopy?"

"Entrar num romance é como fazer uma excursão à montanha: é preciso aprender a respirar, regular o passo, do contrário desiste-se logo."

"Narrar é pensar com os dedos."

"Escrever é construir, através de um texto, um modelo específico de leitor."

"No fundo, a pergunta básica da filosofia (como a da psicanálise) é a mesma do romance policial: de quem é a culpa?"

"Faz dois anos que me recuso a responder perguntas ociosas. Do tipo: sua obra é aberta ou não? Sei lá, isso é problema seu, não meu. Ou então: com qual de seus personagens você se identifica? Meu Deus, mas com quem se identifica um autor? Com os adversários, é obvio."

"Existe algo que me divertiu muito: toda vez que um crítico ou leitor escreveram ou disseram que um de meus personagens afirmava coisas modernas demais, pois bem, em todos esses casos e justamente nesses, eu tinha usado citações textuais do século XIV."

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