Desde que o mundo é mundo, ou pelo menos desde que a internet é internet, recebo notícias falsas por email. Umas das mais recorrentes diz respeito ao portal Domínio Público. O Domínio Público, para quem não conhece, é um site que disponibiliza um vasto número de obras de autores nacionais e estrangeiros.
Desde logo depois de seu lançamento, em 2004, recebo a mensagem dizendo que o portal vai fechar por falta de acessos. O que é uma grande mentira. O portal vai funcionando muito bem e só aumenta o número de usuários e de obras cadastradas.
Entendo as boas intenções de quem repassa o email com o falso alerta para a sua lista inteira de contatos, mas às vezes também é bom divulgar a verdade. Abaixo, reproduzo um email de resposta do Domínio Público sobre a possibilidade de fechamento do site:
Prezada XXXX,
graças a seu interesse e participação, o Portal Domínio Público tem alcançado resultados cada vez melhores. Informamos que é falsa a notícia veiculada na internet e na mídia em geral sobre a possibilidade de desativação deste Portal, por suposto motivo de falta de acesso.
Atenciosamente,
Maiara Coutinho – Dominio Público
quarta-feira, 17 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
O Nome da Rosa
A esta altura todo mundo já leu O Nome da Rosa, bestseller do escritor italiano Umberto Eco nos anos 80 - e, para muitos, seu melhor livro de ficção até hoje.
Mas pouca gente sabe que logo depois foi lançado por ele um livrinho chamado Pós-Escrito a O Nome da Rosa (tradução de Letizia Zini Antunes e Álvaro Lorencini) Digo livrinho pois é pequeno mesmo: 66 páginas em fonte grande (entrou para aminha reduzidíssima lista de livros que comecei e acabei no mesmo dia). O subtítulo é "As origens e o processo de criação do livro mais vendido em 1984".
Não vou falar nada, apenas colocar alguns trechos do livro (na verdade a ideia principal deste blogue, embora pouco executada):
"Um narrador não deve oferecer interpretações de sua obra, caso contrário não teria escrito um romance, que é uma máquina para gerar interpretações (...) O autor não deve interpretar. Mas pode contar como e por que escreveu."
"Meu romance tinha outro título de trabalho, que era A abadia do crime. (...) Meu sonho era intitulá-lo Adso de Melk. (...) A ideia de O nome da rosa veio-me quase por acaso e agradou-me porque a rosa é uma figura simbólica, tão densa de significados que quase não tem mais nenhum."
"O autor deveria morrer depois de escrever. Para não perturbar o caminho do texto."
"Escrevi um romance porque me deu vontade. Creio que seja uma razão suficiente para alguém pôr-se a narrar. O homem é um animal fabulador por natureza. Comecei a escrever em março de 1978, movido por uma ideia seminal. Eu tinha vontade de envenenar um monge."
"Só conheço o presente através da televisão, ao passo que da Idade Média tenho um conhecimento direto."
"Será que alguém pode dizer: 'Era uma bela manhã de fim de novembro' sem sentir-se Snoopy?"
"Entrar num romance é como fazer uma excursão à montanha: é preciso aprender a respirar, regular o passo, do contrário desiste-se logo."
"Narrar é pensar com os dedos."
"Escrever é construir, através de um texto, um modelo específico de leitor."
"No fundo, a pergunta básica da filosofia (como a da psicanálise) é a mesma do romance policial: de quem é a culpa?"
"Faz dois anos que me recuso a responder perguntas ociosas. Do tipo: sua obra é aberta ou não? Sei lá, isso é problema seu, não meu. Ou então: com qual de seus personagens você se identifica? Meu Deus, mas com quem se identifica um autor? Com os adversários, é obvio."
"Existe algo que me divertiu muito: toda vez que um crítico ou leitor escreveram ou disseram que um de meus personagens afirmava coisas modernas demais, pois bem, em todos esses casos e justamente nesses, eu tinha usado citações textuais do século XIV."
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