sexta-feira, 3 de junho de 2016

O novo Zé do Bêlo

Novidade no velho

É possível fazer algo novo recorrendo ao velho? Com o álbum A Moda Chegando Eu Vou Ver Como É, o gaúcho Zé do Bêlo prova que sim. Na obra, o cantor, compositor e violonista interpreta 12 canções compostas nas primeiras décadas do século XX que, apesar de terem feito estrondoso sucesso há quase cem anos, permaneciam desconhecidas até mesmo por pesquisadores, visto que o período reabilitado por Zé é pré-bossa nova. Muito mais do que um disco, o projeto é um trabalho minucioso de recuperação da história musical brasileira. “Não é justo que músicas tão boas fiquem soterradas no passado”, diz Zé do Bêlo. São canções como NicolauCasinha da Marambaia e Esquecer e Perdoar, de autores como Jararaca, Manezinho Araújo e João da Baiana, sucessos no seu tempo, que levam o ouvinte ao passado, oferecendo um gosto de nostalgia prazenteira do que não foi vivido.


Um Zé do Bêlo renovado?


Quem conheceu o Zé do Bêlo do início dos anos 2000 pode se surpreender com o repertório novo – que passa de composições próprias escrachadas para releituras sóbrias de músicas “de antigamente” – e até mesmo com sua sutil mudança de guarda-roupa: Zé continua ostentando o seu tradicional terno branco, mas agora bem cortado e não propositalmente amarrotado; o boné foi trocado por um chapéu coco; os tênis All Star surrados deram lugar a elegantes Oxford preto e branco. Também a voz agora está mais discreta e suave, lembrando pouco aquele personagem bastante peculiar que Zé costumava encarnar no palco. Essa mudança – adequada para seu novo repertório – também marca um novo rumo nas ambições da carreira do cantor. Atualmente radicado na capital da Paraíba, João Pessoa, Zé pretende expandir seu público-alvo, antes restrito ao underground porto-alegrense, e, quem sabe, conquistar o Brasil.

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