Já é uma coisa batida demais ficar fazendo comparações entre livros e suas respectivas versões cinematográficas. Mas tudo bem, eu gosto. Raríssimas vezes li o livro depois de ver o filme. Após algumas experiências ruins, hoje em dia prefiro ler a obra original antes de ver o que Hollywood fez com ela. Nunca fiz uma comparação direta entre todos os filmes baseados em livros que vi, mas tenho a sensação de que, em geral, a versão escrita se sai melhor que a filmada. Bom, mas pode se agora, comecemos por um clássico.
Laranja Mecânica.
98,7% das pessoas que cultuam este filme do Stanley Kubrick não leram o livro de Anthony Burgess. Nem deveriam. A linguagem ousada, a originalidade, a estética que tanto agrada aos cults só se vê no filme mesmo. Tem alguns espertos posando de ultra-cults que você vê por aí dizendo que “o livro é bem melhor que o filme”, que “o Kubrick não captou a essência do livro”, BULLSHIT. Burgess seria um anônimo até hoje não fosse pelo filme do Kubrick.
A insustentável leveza do ser
No best-seller de Milan Kundera, a ação se passa quase toda na cabeça dos personagens. E é justamente isso o que mais importa na narrativa. No filme, isso se perde completamente, e só vemos personagens tolos, sem motivações verossímeis, numa trama tediosa.
Quem vence: Livro
O perfume
Por anos anunciou-se a versão cinematográfica da obra do alemão Patrick Süskind e confesso que, como havia gostado bastante do livro, não estava ansioso para ver a história transposta para a tela grande. Para minha surpresa, o filme é uma das melhores adaptações cinematográficas de que se tem notícia. Preservou-se a força das cenas e subtraiu-se tudo aquilo que funciona em palavras mas que só atrapalharia o ritmo no filme.
Quem vence: Empate
O Grande Gatsby
Sinceramente, acho esse um dos livros mais superestimados de todos os tempos. Arrastado e chato, consegue ser pior do que o filme (1974), que também não é lá essas coisas.
Quem vence: Filme
Breve romance de um sonho
Mais uma vez, Stanley Kubrick pega uma obra mais ou menos e transforma em um grande filme. Deste livro de Arthur Schnitzler, fez Eyes Wide Shut (DE olhos bem fechados), em que adaptou toda a ação para a Nova York dos dias de hoje e mesmo assim não só manteve o espírito do livro como acrescentou (junto com o roteirista Frederic Raphael) vários outros elementos tanto para a trama como para a linguagem.
Quem vence: Filme
Budapeste
O livro é bom, provavelmente o melhor de Chico Buarque. O filme, apesar da sua excelente fotografia e de ser tecnicamente bem feito, não conseguiu traduzir o livro. E o pior é que tentou. Ficou um desastre absoluto. Entre outras coisas, o livro fala sobre palavras, línguas, comunicação e é bem diferente falar sobre palavars escrevendo e com sons e imagens e aí a ideia se perdeu definitivamente num filme pedante, arrogante e, acima de tudo, confuso.
Quem vence: Livro
Quando Nietzsche chorou
Aqui a briga é dura, pois os dois são muito ruins. Mas o livro, graças às atuações mais toscas da história, além de uma direção de arte que leva uma surra de qualquer novela do SBT, perde a briga.
Placar até agora:
Filme: 3 vitórias
Livro: 3 vitórias
Empate: 1
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