Junte um brasileiro recém saído da sua banda em crise + um brasileiro de férias da sua banda americana de enorme sucesso + uma americana totalmente desconhecida . Bom... isso não diz absolutamente nada. Acrescentemos então que o trio se encontrou na California, e que os rapazes se tornaram velhos amigos em pouco tempo, e que a moça começou a namorar um dos rapazes, e que cada um começou a mostrar as composições que não ousavam mostrar para mais ninguém, e que começaram a fazer música juntos.
É....isso continua não dizendo coisa alguma sobre o Litlle Joy, banda formada por Rodrigo Amarante (ex-Los Hermanos), Fabrizio Moretti (The Strokes) e Binki Shapiro. O grupo lançou um CD de canções (em inglês e português, cantadas por Binki e Rodrigo) do tipo que não se ouvia nem nos EUA nem no Brazil. Elas têm um aparente descompromisso formal, de coisa de amigos se divertindo, dando ao disco um clima de agradável melancolia. É banda de um disco só? Provável, mas não importa agora...
O americano Alec Greven escreveu um livro com conselhos para relacionamentos amorosos chamado Como Falar Com Meninas (Editora Record, traduzido por Ana Ban). Claro que esse tipo de manual não é novidade, o que surpreende é que o autor tem apenas 9 anos de idade.
Alec escreveu o livro como uma tarefa escolar, e inspirou-se, diz ele, ao observar o comportamento dos colegas no recreio.
Abaixo, uma entrevista onde ele diz, entre outras coisas: "Se não der certo, você tem que saber superar. Porque se você não conseguir superar, isso certamente vai arruinar sua vida e persegui-lo para sempre. Como eu sempre digo, a vida é dura, siga em frente."
Fui ver O Solista, filme baseado em história real ocorrida nos Estados Unidos. Um repórter entediado (Robert Downey Jr.) encontra por acaso um mendigo (Jammie Fox) violinista. Ao longo do filme descobrimos que o mendigo estudava cello em uma renomada escola de música e que, vítima da esquizofrenia, acabou abandonando tudo para morar nas ruas.
O filme é BEM chato. Arrastado. Monótono. Repetitivo. Cansativo. Não veja, a não ser que seja um estudante de psicologia, serviço social ou coisa que o valha com interesse em insuportáveis personagens esquizofrênicos.
Mas enquanto assistia ao filme, lembrei imediatamente de uma história muito similar acontecida aqui em Porto Alegre. Um menino chamado Ludwig, aos dez anos de idade, era considerado um prodígio do piano. Foi apresentado ao público na capa do Segundo Caderno da Zero Hora em 1996 como o solista de um recital que incluía Bach, Bartok e Beethoven. Tocava tudo isso sem partitura.
Recentemente, o mesmo jornal fez uma matéria para saber que fim o menino levou, já que não se ouviu mais falar dele. Hoje, aos 24 anos, não toca mais. Vaga pelas ruas do Centro, onde mora numa pensão. Já foi visto vendendo Cds piratas nasa ruas. Ainda hoje, quem o conheceu lamenta profundamente o seu destino.
Ahistória está toda aqui, inclusive com um link para a primeira matéria, de 1996. Sinceramente, é melhor ler a reportagem que ver o filme O Solista.
A revista britânica Empire acaba de lançar uma lista dos 50 piores filmes de todos os tempos. Como toda lista desse tipo, não é séria e em muitos casos é injusta, mas pode ser divertida. Os filmes foram votados por leitores, então a maioria dos filmes é bastante recente (décadas 00 e 90). A maioria também é do gênero comédia e aventura/ação. Claro que você já viu coisa bem pior do que está na lista (e é provável que até goste de alguns), mas o critério aqui parece ser mais a expectativa e o orçamento do filme.
Às vezes quero ver um filme justamente pelo seu potencial de chorabilidade. Sim, eu gosto de chorar em filmes. Quando isso acontece, parece que o filme valeu a pena, pois pelo menos me tocou de alguma forma. Mas não é um filme pra baixo, é aquele que dá uma tristeza gostosa, sem te carregar pra depressão. E prefiro quando sou pego de surpresa, detesto perceber que estavam tentando me manipular, e que eu DEVERIA chorar justo naquela cena, entre os minutos 55 e 58. Isso aconteceu, por exemplo, no badalado mas desonesto Menina de Ouro. (Aliás, por que será que tudo que o Clint Eastwood faz é levado ultra a sério nos últimos anos? Só porque ele ficou velho começou a merecer mais respeito e consideração? Será que os críticos se sentem covardes ao criticar um idoso?) Moça pobre e desacreditada vence na vida com ajuda de treinador durão (e também desacreditado) e no auge da carreira se descobre portadora de uma doença terminal. Poxa, já tínhamos visto o enredo desse filme uma centena de vezes na Sessão da Tarde. Se fosse numa novela mexicana, ninguém levaria a sério. Prefiro aquelas cenas em que me descubro solitário no meu lacrimejo, onde não me perceba vítima de manipulação (mesmo que na verdade esteja sendo).
Mas, falando assim, até parece que sou um chorão de cinema, mas não é bem assim. Não é qualquer filme que tem esse efeito sobre mim. Mas tem um filme que me pegou de jeito. Mar Adentro, do diretor Alejandro Amenábar. Fui sozinho ao cinema e, quando chegou na cena do “voo pela janela” com a trilha de Nessun Dormatocando a todo volume, desabei. Está certo que tinha parado com o lítio na época e meu humor estava meio desestabilizado. Mesmo assim, quis me testar e fui ver o filme de novo, na mesma semana, no mesmo cinema. Resultado: quase desidratei na minha poltrona. Anos depois, comprei o DVD e me preparei para o filme de novo. O filme continua excelente, mas eu já estava totalmente anestesiado. Seria a falta da tela grande? Não sei.
Mas enrolei até aqui só para mencionar o filme que fui assistir ontem, Amor Sem Escalas (Up in the air), de Jason Reitman, mesmo diretor de Juno e Obrigado por fumar. O título em português engana, ainda mais com o cartaz feito para o cinema brasileiro, que dá a entender que se trata de uma comédia romântica tradicional, e que, por ser com o George Clooney, possivelmente terá um final feliz. Mas, como na vida, nem tudo é o que parece. Clooney interpreta um profissional especializado em demitir pessoas justamente numa época de grande recessão nos EUA. Como está sempre em viagem, passa mais tempo no avião que em casa, sem raízes familiares ou sentimentais de qualquer espécie. O elenco principal está muito bom, assim como todos os coadjuvantes. Os diálogos inteligentes são raros de se ver no cinema americano hoje em dia.
O filme também tem o mérito de tratar uma condição masculina poucas vezes tratada com honestidade no cinema. Há humor, há romance, mas também é sobre o vazio da solidão e a angústia do tempo. Não, não é um filme para chorar. É pior: é para deixar o choro preso na garganta, sem ter onde derramá-lo.