Apesar de achar que este bloghe também teria espaço para falar de música, nunca cheguei a me animar para isso. Talvez porque ache que há uma diferença essencial entre cinema & literatura e música. A ideia dos escritos aqui é dar minhas impressões sobre algumas obras, de maneira que possa dar algumas dicas de entretenimento inocente para meus poucos amigos. Mas logo percebi que isso não funciona com música. É que assim: posso não gostar de um filme e alguém me convencer que há aspectos que posso apreciar no filme, mesmo que sejam detalhes. Com bons argumentos, posso ser convencido de que algo até então fraco ganhe algum valor que eu não havia apreciado anteriormente. O mesmo ocorre com filmes. Mas com música a história é bem outra. Não acredito que alguém poderia me convencer a gostar de uma música que não suporto. Posso reconhecer a importância histórica de Bach, mas acho-o chato e ninguém vai me convencer do contrário. Podem dizer que Rossini é simplório, um compositor menor, mas vou continuar achando-o o máximo. Para mim, o gosto por música é algo profundamente pessoal. As razões para gostar de uma música são muito mais sentimentais que racionais.
É por isso que jamais poderia argumentar tentando convencer alguém de que uma música de que gosto é boa. Por exemplo, há duas bandas que considero hoje as duas melhores do mundo: WILCO e WEEZER. Mas nunca poderia me dar ao trabalho de convencer alguém disso.
Só posso dizer que pra mim são um refresco em tempos em que a crítica considera o pasteurizadíssimo U2 uma das maiores bandas de rock da história e o insuportavelmente chato Radiohead a melhor coisa surgida na última década. (Ah, falando nisso também vi os discos da Madonna figurarem entre os “Clássicos do Rock” num catálogo da Fnac, ao lado de Ac/Dc, Kiss, Queen e, é claro, U2).
WEEZER E WILCO têm algo que poucos têm hoje, que é vida. Apesar de bastante diferentes entre eles, têm características raras de se ver hoje em dia: são vibrantes, poéticos, inteligentes, engraçados, honestos, intensos, singelos, verdadeiros. Tudo aquilo que a vida deveria ser e não é.
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