Tom Jobim (1988)
Você já fez música para cantar alguém, no sentido de conquistar?
Olha, cada canção que eu fiz é uma moça que eu não comi. Uma vez eu disse isso pro Millôr Fernandes e ele rebateu com a seguinte frase: “Pois cada canção que eu não fiz é uma moça que eu comi.”[risos].
A bossa nova consagrou Ipanema como o paraíso do prazer. Quando você tinha 20 anos, em 1947, já era assim?
Bem, naquele tempo as moças eram virgens, né? Evidentemente, como todo mundo, as minhas primeiras transas foram com as empregadas. Mas havia muitos soldados americanos no Rio, logo depois da Segunda Guerra, e as moças tinham uma enorme admiração por eles, por causa do cinema, claro. Aos poucos, com os americanos, elas foram ficando mais dadas... [risos]
Em comparação com a Luma de Oliveira, que tal a mulher americana?
A mulher americana não tem bunda. – aliás, e mulher branca em geral. A não ser que faça ginástica ou seja bailarina, mas aí fica com bunda por causa dos músculos. Outro dia vi uma branca aí com uma bunda respeitável, mas não é comum. Bunda é negócio de preto mesmo – a própria palavra, por sinal, é de origem africana. Mulher branca tem mesmo é peito, mas a bunda é assim: achata atrás e abre para os lados.
Pelo visto, você não é daqueles que preferem as louras.
Como todo sujeito que tem sangue de branco, me inclino mais para as morenas. Mas eu sou chegado mesmo é numa negra.
No entanto, seus filhos puxaram mais para o seu tipo claro.
É que na hora H eu penso na Suécia [risos].