Há muito tempo, eu devia ter uns 9 anos, fui ver um filme com minha mãe e meu irmão. Era no antigo Cinema Cacique, que depois foi desativado para virar o Bingo Cacique, que incendiou e hoje é um estacionamento. Lembro pouco da história do filme. Sei que era algo diferente do que estava habituado a ver. A história era meio fantástica, mas não infantil, meio assustadora, mas não era terror, um pouco drama, mas tinha aventura. Mas o que me lembro mais nitidamente daquela sessão é que, depois de quase uma hora de projeção, faltou luz.
Parecia uma falha técnica temporária, coisa não rara até. Só que ficamos na escuridão por muito tempo, não sei dizer quanto, e a luz nunca voltou. Saímos do cinema com um ingresso para assistir outra sessão, num outro dia.
Só sei que, enquanto não ia à nova sessão, fiquei atormentado por aquela interrupção repentina. Como assim parar um filme no meio?! Da minha cabeça não saía a última imagem antes do blecaute: uma moça estava na cama à noite, no seu quarto, com a janela aberta, o vento balançava as cortinas brancas e algo estava prestes a acontecer.
Na semana seguinte, minha mãe e meu irmão me convidaram para ver o filme de novo, de graça. Não sei por que, recusei e inventei alguma indisposição. Hoje penso que pode ter sido proposital, apenas com o intuito de preservar aquele momento, aquele clímax inacabado, aquele mistério sem solução, aquela suspensão do tempo.
O filme se chamava Na Companhia dos Lobos, e nunca mais o vi. Nunca me deparei com ele na TV nem em locadoras.
Por favor, não me contem o final.
Parecia uma falha técnica temporária, coisa não rara até. Só que ficamos na escuridão por muito tempo, não sei dizer quanto, e a luz nunca voltou. Saímos do cinema com um ingresso para assistir outra sessão, num outro dia.
Só sei que, enquanto não ia à nova sessão, fiquei atormentado por aquela interrupção repentina. Como assim parar um filme no meio?! Da minha cabeça não saía a última imagem antes do blecaute: uma moça estava na cama à noite, no seu quarto, com a janela aberta, o vento balançava as cortinas brancas e algo estava prestes a acontecer.
Na semana seguinte, minha mãe e meu irmão me convidaram para ver o filme de novo, de graça. Não sei por que, recusei e inventei alguma indisposição. Hoje penso que pode ter sido proposital, apenas com o intuito de preservar aquele momento, aquele clímax inacabado, aquele mistério sem solução, aquela suspensão do tempo.
O filme se chamava Na Companhia dos Lobos, e nunca mais o vi. Nunca me deparei com ele na TV nem em locadoras.
Por favor, não me contem o final.